sábado, 16 de julho de 2011

O PREC INVERSO

No seguimento do 25 de abril de 1974 assistiu-se ao desenrolar do então chamado PREC ( Processo Revolucionário Em Curso ). No PREC, entre outras coisas, os direitos dos trabalhadores e do povo em geral foram proclamados, exaltados e, tanto quanto foi possível, levados à prática. Nalguns aspectos, essa viragem em relação ao "antigamente" foi exagerada e feita à custa dos empregadores públicos e privados, com algumas consequèncias económicas indesejáveis.
Nesses tempos tudo devia ser feito a favor  dos trabalhadores e nada a favor dos empregadores e dos capitalistas.
Felizmente - nunca é demais lembrá-lo - a acção Partido Socialista, liderado pelo Dr. Mário Soares, e de grande parte do povo impediram que o PREC fosse demasiado longe e o seu entusiasmo foi diminuindo e acabou por extinguir-se.
É claro que o restou dele, e que era aceitável, em termos dum regime democrático baseado na existência de partidos políticos, ficou consignado na Constituição - e penso não exagerar ao dizer que nunca foi do agrado da direita conservadora.


Presentente, depois da tomada de posse do governo PSD-CDS aparentemente entramos no PREC
INVERSO ou seja no Processo REACCIONÁRIO Em Curso.
Porque é possivel fazer tal afirmação ?
Por algumas atitudes que já se conhecem :
- Na sobretaxa de 3,5% a aplicar no IRS dos rendimentos de 2011 ficam de fora os rendimentos dos
  dividendos das acções e dos juros dos depósitos bancários
- Esta sobretaxa não é progressiva, isto é não aumenta para os redimentos realmente elevados
- Não haverá sobretaxa sobre o IRC
- Está prometida a redução da taxa social única
- Pretende-se rever a Constituição para facilitar os despedimentos
Estamos portanto em face duma nova atitude : tudo a favor dos empregadores e dos capitalistas, nada a favor dos trabalhadores. O inverso de 1974-1975.


Post-Scriptum
A propósito da redução da TSU.
O que aumenta a competitividade das empresas é o investimento em tecnologias de referencia, o investimento em Investigação e Desenvolvimento ( R&D ), as novas ideias, a inovação constante, a racionalização do trabalho ( não só ao nivel dos menos qualificados mas sobretudo ao nivel das chefias), a contratação de pessoas devidamente qualificadas, aproveitando a existência de muito jovens om cursos superiors que esperam a sua oportunidade, a criação de prémios de cumprimento de objectivos A TODOS OS NÍVEIS e não apenas para os "bosses".
Para empresas nestas circunstâncias valeria a pena dar-lhes incentivos, como por exemplo a redução da TSU.
Para as empresas rotineiras, a redução da TSU não vai certamente ter nenhum efeito social ou seja não vai
reduzir o preço de venda dos bens produzidos ou comercializados, mais uma vez vai tornar desnecessário o esforço de modernização dos propritários, não vai induzir criação de emprego. Quanto muito irá aumentar a conta bancária dos donos.

F. Fonseca Santos

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