A PROPÓSITO DA SEMANA DE 1 A 7 DE ABRIL DE 2013
Na semana de 1 a 7 de Abril sucederam acontecimentos que, dada a nossa pequenez política actual, foram considerados extraordinários :
O Sr. Miguel Relvas apresentou a sua demissão de ministro
O Tribunal Constitucional deu a conhecer o seu veredicto sobre as disposições do OE 2013 que estava a analisar, chumbando 4 delas
O Sr.1º Ministro mostrou deselegantemente a sua irritação com o TC , foi falar com o Sr. Presidente da República, declarou que não se demitia e que teria de fazer cortes nas verbas do Estado Social
O Sr. Eng. José Sócrates iniciou as suas crónicas semanais na RTP 1
Jornais e comentadores políticos fervilharam com opiniões e comentários, sobre o que poderia ser feito para Portugal continuar a receber empréstimos e ao mesmo tempo pagar juros e dívidas. Voltou a falar-se mais em finanças do que em economia.
E no entanto, como tantas pessoas já tantas vezes afirmaram, mas aparentemente sem convencer os chamados governantes e seus seguidores, sem crescimento da economia, sem superavit na balança de bens e serviços, não é possível pagar juros e dívidas.
Vai-se falando um pouco na re-industrialização do país, mas onde está a estratégia concreta para alcançar esse desiderato ?
Fala-se também da redefinição da política de turismo, mas onde estão os planos ?
E a ideia, certíssima, de substituir importações por produção local, já tem definidos os sectores alvo? Já foi elaborado, em conjunto com os industriais, algum programa viável a curto prazo?
Assiste-se a esforços individualizados das empresas exportadoras, à chamada diplomacia económica do Sr. Ministro Paulo Portas, a iniciativas conjuntas de sectores industrias ( exportadores de calçado em Xangai p.ex. ), a algum aumento de produção agrícola, mas por outro lado parece que o governo anda esquecido ou deseja o contrário. do desenvolvimento. Vejamos dois exemplos desta atitude :
- Os trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo dizem publicamente que têm encomendas para cumprir mas que lhes falta matéria prima para trabalhar. E quem é o proprietário? O Estado Português
- O grupo Antonov ( fabricante de aviões de todos os tipos ), segundo o “Expresso”, há cerca de um ano mostrou formalmente interesse em construir em Portugal aviões destinados a operarem pistas de aterragem de terra batida (sic). Qual o resultado ou qual a resposta dos governantes ? Zero
Assim é difícil produzir alguma coisa com valor acrescentado. Resta ao infeliz governo do nosso infeliz Portugal realizar cortes nos serviços sociais do Estado, despedir funcionários públicos, reduzir os salários destes, taxar pensões e reformas, aumentar impostos, não investir… È a espiral do empobrecimento, da miséria, ou eufemísticamente como dizem alguns, “ espiral recessiva” em pleno desenvolvimento !
F. Fonseca Santos
P.S. Já depois daqueles acontecimentos, o Sr. Ministro das Finanças deu à luz um despacho proibindo, sem sua autorização, as despesas de todos os ministérios, excepto as judiciais, as que fazem parte de contratos em curso e os salários.
Este despacho já foi devidamente zurzido por pessoas com a devida autoridade para o fazerem e defendido publicamente pelo Sr. Dr. António Lobo Xavier.
Conclusão minha : A partir de agora os funcionários públicos têm que levar os consumíveis e outros materiais para desempenharem as suas funções. Ou seja, começaram a ter de pagar para trabalhar…
