O CUSTO DOS MEDICAMENTOS
Foi motivo de grande
emoção pública o caso do preço do fármaco para tratamento da hepatite C e da obrigação que o Estado deve ter para
salvar a vida dum cidadão, mesmo que isso custe muito dinheiro.
Não sei se o preço do
medicamento em questão é exorbitante ou não ( que é muito dinheiro, é ). Só
poderia ter uma opinião se soubesse quanto é que a empresa farmacêutica que o
comercializa gastou com o seu desenvolvimento, quanto gasta com a sua produção
e quantas doses espera vender até que termine a patente, ou até que surja outra
droga diferente mas de efeito equivalente. Mas sei, pela lógica do sistema em
que vivemos, que a dita empresa, sendo uma empresa privada, tem de obter lucros
daquilo que fabrica e vende pois em caso contrário os prejuízos poderão
obrigá-la a fechar as portas. Mas não nos devemos esquecer que uma coisa é ter
benefícios do trabalho que se teve e outra é ter lucros absurdos com a venda
dum produto essencial à manutenção de vidas humanas
Parece-me evidente
que quanto mais difíceis de tratar, ou de prevenir através de vacinas, são as
doenças, maior terá de ser o investimento em cérebros, organização do trabalho,
experiências de avaliação e mais tempo será necessário até se chegar a um resultado
que satisfaça.
Regra geral esta
função de descobrir novos fármacos para novas ou velhas patologias está nas
mãos da indústria farmacêutica privada, limitando-se os laboratórios públicos,
também regra geral, a fazer investigação básica sobre os mecanismos de
aparição, desenvolvimento e eliminação das causas da doença.
Sabendo-se que ainda
existem doenças mortais para as quais não há tratamento nem vacina conhecidos e
considerando que é ponto assente nas sociedades democráticas que os governos (
eleitos pelo povo ) devem organizar-se
de forma a proteger a vida dos cidadãos da melhor forma possível, porque motivo
não têm os Estados empresas farmacêuticas públicas a trabalharem para obter
resultados práticos no combate às doenças mortais ? Não se assustem : não estou
a propor a nacionalização da industria farmacêutica, à qual aliás muito
devemos, estou só a dizer que também é dever dos Estados terem laboratórios capazes de produzirem
fármacos inovadores para atacar
as enfermidades
mortais para as quais ainda não há remédio e pô-los ao serviço da vida humana
por preços comportáveis, dentro das normas dos serviços nacionais de saúde. E
para mais rapidamente se atingirem os objectivos, porque não os Estados
convencionarem entre si quem faz o quê e pôr em comum os resultados ?
No fundo, dum ponto
de vista de conceito político, seria utilizar a investigação
médico-farmacêutica como se utilizam as polícias, visto que ambas se destinam a
proteger as pessoas de males que as espreitam. E creio que no nosso espectro
político ainda não existem partidos que defendam a privatização da polícia de
segurança pública…
Se existe uma
interpol, porque não há-de existir um “interlab” ?
13 FEV 2015

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