sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

O CUSTO DOS MEDICAMENTOS






Foi motivo de grande emoção pública o caso do preço do fármaco para tratamento da hepatite C  e da obrigação que o Estado deve ter para salvar a vida dum cidadão, mesmo que isso custe muito dinheiro.

Não sei se o preço do medicamento em questão é exorbitante ou não ( que é muito dinheiro, é ). Só poderia ter uma opinião se soubesse quanto é que a empresa farmacêutica que o comercializa gastou com o seu desenvolvimento, quanto gasta com a sua produção e quantas doses espera vender até que termine a patente, ou até que surja outra droga diferente mas de efeito equivalente. Mas sei, pela lógica do sistema em que vivemos, que a dita empresa, sendo uma empresa privada, tem de obter lucros daquilo que fabrica e vende pois em caso contrário os prejuízos poderão obrigá-la a fechar as portas. Mas não nos devemos esquecer que uma coisa é ter benefícios do trabalho que se teve e outra é ter lucros absurdos com a venda dum produto essencial à manutenção de vidas humanas

Parece-me evidente que quanto mais difíceis de tratar, ou de prevenir através de vacinas, são as doenças, maior terá de ser o investimento em cérebros, organização do trabalho, experiências de avaliação e mais tempo será necessário até se chegar a um resultado que satisfaça.

Regra geral esta função de descobrir novos fármacos para novas ou velhas patologias está nas mãos da indústria farmacêutica privada, limitando-se os laboratórios públicos, também regra geral, a fazer investigação básica sobre os mecanismos de aparição, desenvolvimento e eliminação das causas da doença.

Sabendo-se que ainda existem doenças mortais para as quais não há tratamento nem vacina conhecidos e considerando que é ponto assente nas sociedades democráticas que os governos ( eleitos  pelo povo ) devem organizar-se de forma a proteger a vida dos cidadãos da melhor forma possível, porque motivo não têm os Estados empresas farmacêuticas públicas a trabalharem para obter resultados práticos no combate às doenças mortais ? Não se assustem : não estou a propor a nacionalização da industria farmacêutica, à qual aliás muito devemos, estou só a dizer que também é dever dos Estados  terem laboratórios capazes de produzirem fármacos inovadores para atacar

as enfermidades mortais para as quais ainda não há remédio e pô-los ao serviço da vida humana por preços comportáveis, dentro das normas dos serviços nacionais de saúde. E para mais rapidamente se atingirem os objectivos, porque não os Estados convencionarem entre si quem faz o quê e pôr em comum os resultados ?

No fundo, dum ponto de vista de conceito político, seria utilizar a investigação médico-farmacêutica como se utilizam as polícias, visto que ambas se destinam a proteger as pessoas de males que as espreitam. E creio que no nosso espectro político ainda não existem partidos que defendam a privatização da polícia de segurança pública…

Se existe uma interpol, porque não há-de existir um “interlab” ?

13 FEV 2015

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