PRIVATIZAÇÕES E INVESTIMENTOS
Estou a ler “Le
Capital au XXIº Siècle” ( edição do Seuil, 970 páginas) do professor de
economia Thomas Piketty.
Este livro pertence
ao grupo dos que leio não por prazer mas por” obrigação”, para aprender mais
alguma coisa sobre uma matéria que preocupa toda a gente, ou quase, ou seja a
economia mundial.
Ainda vou no
princípio, mas já deparei com afirmações que apoiam críticas que constantemente
caem ( no meu entender mais que justamente ) sobre o presente governo PSD-CDS acerca
das suas políticas de ensino e de privatizações
Com uma devida vénia
ao autor, permito-me traduzir parte do texto das páginas 120 e 121 “… Nenhum dos países asiáticos que tiveram
uma trajectória de aproximação em relação aos países desenvolvidos, seja no
passado recente o Japão, a Coreia
ou Taiuã, seja actualmente a China, beneficiou de investimentos
estrangeiros em massa. No essencial, estes países financiaram-se a si próprios
com o capital físico de que tinham necessidade, e sobretudo com capital humano - elevação do nível geral de
educação e de formação -, acerca dos quais todas as pesquisas contemporâneas
demonstraram que era o essencial do
crescimento económico no longo prazo. …”
É evidente portanto
que o desinvestimento que o presente governo tem feito na educação dos jovens e
dos adultos – sob a capa da diminuição da população e da (ir)racionalização dos
serviços - e na investigação e desenvolvimento só vai prolongar o nosso atraso
económico por não sei quantos mais anos.
Quanto a investimentos
com capitais nacionais, públicos ou privados, não tenho notícia da sua
efectivação numa actividade nova que pudesse reduzir as importações ou aumentar
as exportações. Pequenas e médias empresas vão procurando trilhar esse caminho
mas, pelo que leio com bastantes dificuldades.
( Obviamente que para
o presente governo investir capitais públicos na economia é uma heresia
destinada à condenação eterna )
O que temos
assistido, nomeadamente desde que a troika tomou conta dos destinos económicos
do país, é exactamente o contrário do que deveria ser : através das
privatizações ( GALP, EDP, REN, ANA, FIDELIDADE ) a totalidade ou parte do
capital nacional tem sido substituído por capital estrangeiro, sem que que isso
trouxesse ‘know-how’ ou aumentasse o emprego.
Claro que o capital
estrangeiro ao adquirir a totalidade ou parte daquelas empresas fê-lo porque o
negócio era bom e em breve o dinheiro investido seria compensado pela remessa
de lucros para o país de origem. Por outras palavras o presente governo recebeu
uns dinheiros mas no médio/longo prazo Portugal vai empobrecer com a saída dos
ditos lucros.
Se as privatizações
acima referidas tivessem sido feitas por venda de acções na bolsa e com
condições específicas provavelmente teria havido compradores portugueses e o
interesse nacional salvaguardado.
No mundo dito global
em que vivemos e em que os capitais circulam livremente entre a maioria das
nações, é claro que existirão investimentos estrangeiros em Portugal e
investimentos portugueses no exterior.
Porem, o importante,
para não empobrecermos a médio/longo prazo será que os rendimentos daqueles
investimentos sejam equivalentes ou, melhor ainda, que sejam favoráveis ao
nosso país.
Seria interessante
conhecermos qual é o nosso balanço neste particular. Assim saberíamos dizer se
estávamos no caminho das economias emergentes ou imergentes.
F. Fonseca Santos
27 OUT 2014

0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial