segunda-feira, 20 de julho de 2015

SATISFAÇÃO PELA LEITURA DUM LIVRO

Acabei de ler o livro " Le Capital au XXi ème Siecle" de Thomas Piketty
Devo dizer que foi o livro mais importante que li nos 4 últimos anos ( pelo menos ). A escrita é fácil de compreender, pois o estilo é explicativo, não contem expressões matemáticas complicadas e até nos gráficos se encontra o cuidado de informar como se deve ler o que está nas abcissas e nas ordenadas.
( Existem à venda traduções em português e em inglês ).
Claro que, para alguém como eu que raramente lê livros de texto sobre economia ou finanças - apenas tenho lido livros de divulgação ou de informação (ou desinformação), e artigos à respeito da realidade corrente -
foi um trabalho de monta : 950 páginas de escrita cerrada e letra miúda.
Mas valeu a pena.
Para alem de ficar a saber como evoluiu a relação entre rendimento e capital, como variou o tipo de capital, como têm mudado as desigualdades de rendimento ( e como poderão ser reduzidas ), etc.,tudo baseado em longas séries estatísticas que o autor colheu,


adquiri a convicção que, mantendo a funcionar a economia de mercado, com limitações eficientes à especulação não produtiva e à existência de off shores opacos,e aumentando a troca de informações sobre transferências de capitais entre os bancos centrais reguladores das actividades bancárias é possível, sem revoluções nem graves convulsões sociais, manter o padrão de estado-social construído na Europa Ocidental a seguir à guerra de 1939-1945, e em Portugal a seguir ao 25 de abril de 1974,e simultaneamente ir reduzindo a dívida pública.


Basta haver vontade política.


Para conseguir a vontade política é necessário que os povos elejam pessoas certas, políticos que tenham como objectivo a diminuição das desigualdades e obriguem a contribuir para o bem comum todos os cidadãos, na medida das suas posses.
É evidente que na União Europeia, um país pequeno não pode sozinho pôr em prática as sugestões do livro: terá primeiro de convencer os seus parceiros de que é possível e o melhor para salvaguardar o bem-estar conseguido.
Repito : por alguns exemplos apresentados no livro, os objectivos acima indicados são possíveis de atingir.
Mais uma vez : é necessário vontade política!
E também vontade de lutar!
   



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terça-feira, 5 de maio de 2015

NÃO É A LIBERDADE, JOÃO VIEIRA PEREIRA




 

Devo dizer que li com muito prazer o documento “Uma década para Portugal” por representar uma proposta alternativa, bem estructurada, à político económica do presente governo, por trazer esperança de melhorias a curto prazo para os portugueses e por certamente, se executada, contribuir para a diminuição do risco de pobreza e das nossas desigualdades económico-sociais.

Por isso penso que merece ser discutida com elevação, no plano das ideias, sem recurso ao insulto aos seus promotores.

Mas houve alguém que nos meios de comunicação social tivesse insultado os promotores dos estudo ?

Receio bem que sim. Senão vejamos :

Na coluna do semanário EXPRESSO de 25 de Abril pp, o Senhor João Vieira Pereira (SJVP), sobre o documento em causa, escreveu “(… ) Só que ao estilo do PS. (….) Esta falta de coragem é a mesma que levou Sampaio da Nóvoa a avançar sozinho. (… ).A política do tubo de ensaio. Cheia de falta de  coragem e (…)”

No texto de 1 de Maio SJVP disse “ … a crónica que publiquei neste espaço na semana passada não contem qualquer julgamento de carácter à pessoa de António Costa ou qualquer outra. …”

Então SJVP acha que afirmar que o PS tem falta de coragem não é o mesmo que chamar cobarde ao Senhor António Costa (SAC) e aos outros militantes do PS que estão ou estiveram envolvidos nas decisões relativas ao documento “ Uma década para Portugal “ e à candidatura do Senhor Sampaio da Nóvoa ?  Achará SJVP que o PS é uma entidade abstracta onde não existem pessoas? Existem, e não podem ser insultadas pelas suas ( delas) atitudes políticas, quando estas são legítimas.

Por isso o SMS que SAC lhe enviou é uma reacção natural de quem se sente ofendido – e quem não se sente não é filho de boa gente, dizia-se.

Não se trata pois duma tentativa de coarctar a liberdade de expressão de pensamento, mas sim de desagravo perante uma manifesta falta de boas maneiras.

Portugal, nos últimos anos, fez grandes progressos na instrução pública, mas não tenho tanta certeza quanto à educação, no sentido de comportamento cívico.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

A OPOSIÇÃO A FAZER PELO PS


ESCRITO EM 27 /02/2015

 

Numa altura em que o governo psd/cds está a fazer uso,  dumas palavras de António Costa para corroborar as “melhorias” do País, interessa aumentar a força da oposição para não deixar que as pessoas, fatalísticamente, embarquem na conversa do dito governo.

Na realidade, o sofrimento das pessoas com menos posses continua NA MESMA : existem mais pobres, há menos rendimentos, há menos classe média, menos respostas do Serviço Nacional de Saúde, menos auxílios sociais, do que havia antes da troika.

Convém aproveitar o conhecimento, quase diário, que se vai tendo de situações ou episódios lamentáveis ou indignos dum país civilizado e democrático, para vergastar duramente o governo.

E como o PS é um partido transversal à sociedade portuguesa e um defensor dos mais fracos, é necessário fazer Oposição com energia, paixão, indignação, acutilância redobradas.

A  Oposição não pode ser calma, racional, prudente quando defende aqueles que passam fome, têm frio, têm necessidades de saúde que lhe são dificultadas, estão no desemprego, com ou sem subsídio, têm os filhos numa escola com as deficiências que se conhecem, têm pouca ou nenhuma esperança no futuro.

Os discursos, respostas e apartes no Parlamento, sobre aqueles temas, devem conter frases cortantes, directas ao objectivo, que façam doer à maioria pela sua crueza e verdade.

Ser tribuno nestas condições é uma tarefa que exige coração e cabeça.

Será talvez difícil combinar numa mesma pessoa a clareza do raciocínio, que torne os seus dizeres compreensíveis por toda gente, muito ou pouco letrada, e o entusiasmo da paixão que arrebata os ouvintes.

Porem, estou convencido que na bancada do PS não será muito difícil encontrar deputados com estas qualidades.

Há que fazer o possível e o impossível pelos eleitores que acreditaram e acreditam no PS para nos livrar das políticas do presente governo. E estou convencido que o grupo parlamentar do PS saberá responder ao desafio.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

UM NOVO 1834 ?




 

Em 26 de Maio de 1834, os Portugueses, através da Concessão de Évora-Monte, viram-se livres

do retrógrado absolutismo e do seu último abencerragem, o rei usurpador D. Miguel I , e entraram numa época de liberdade política.

Em 5 de Outubro de 2010, com a Revolução Republicana, deu-se um segundo 1834. Contudo, para alem da designação do Chefe de Estado passar a ser feita por eleição e não por hereditariedade, dum notável esforço feito na educação e da redução dos poderes civis da Igreja, os resultados não foram os desejados pelos idealistas republicanos. Com a revolta de 28 de Maio de 1926, seguida do consulado salazarista, os direitos sociais e políticos dos Portugueses sofreram um grande recuo e a situação económica da generalidade da população não melhorou.

Com a Revolução de 25 de Abril de 1974, e a concessão aos vencidos que se seguiu ( comparar com as concessões aos vencidos de Évora-Monte para ver as semelhanças ), Portugal viu-se livre da doutrina salazarista e subsequente prática governativa marcelista, para entrar numa fase de grandes transformações socias em que foram assegurados aos cidadãos a igualdade e universalidade de direitos quanto ao usufruto dos sistemas de saúde, de educação e de segurança social, e de transformações laborais como a liberdade sindical e a garantia dos direitos dos trabalhadores, incluindo a greve e a negociação livre de contratos colectivos de trabalho. Do ponto de vista empresarial, para alem da discussão sobre o que deve ser privado e o que deve ser público, a grande mudança foi a permissão da livre concorrência, a eliminação dos impostos alfandegários relativos aos bens oriundos da EU e a sua drástica redução relativa a importações doutros pontos do globo.

Com a crise financeira que se iniciou em 2008 nos EUA e depois se propagou à UE – e cujos pormenores mais ou menos todos nós conhecemos e que não valerá a pena repetir – os governos europeus conservadores tiveram um bom pretexto para considerar que as regalias sociais e os direitos laborais eram insustentáveis financeiramente e que portanto deveriam ser “reformados” a bem dos equilíbrios orçamentais. Ou, dito de outra maneira, começou a navegar a ideia de que o desenvolvimento humano deveria ser sacrificado ao equilíbrio das contas públicas – e não que seria necessário promover o crescimento da riqueza e a regulação apertada dos mercados para permitir o financiamento do estado social europeu.

A necessidade de obter empréstimos internacionais a custos mais baixos que os “mercados” estavam a propor, e que eram incomportáveis, levou a que Portugal tivesse pedido auxílio à EU e ao FMI. A contrapartida da satisfação desse pedido obrigou a que o governo PS ( demissionário )   de então, bem como a oposição PSD+CDS, assinassem um documento de compromisso ( ou memorando ) em que claramente os portugueses seriam sacrificados. De passagem devo dizer que se em relação ao FMI isso não me espanta pois é uma organização baseada no princípio capitalista de nada fazer sem ter lucro – e o mal é de quem precisa – já em relação à EU o menos que posso considerar é que foi pouco solidária.

Como estamos lembrados, de seguida uma coligação PSD+CDS ganhou as eleições, formou governo e começou a aplicar o compromisso. Com a ajuda da troika ( termo de origem russa introduzida no léxico mundial quando Krucheve então secretário geral do PCUS e chefe do governo da União Soviética propôs que o secretariado das Nações Unidas passasse a ser constituído por três membros ( uma troika ) que controlou apertadamente a actividade do governo.

Gostosamente, penso eu, o governo PSD+CDS declarou até que iria para alem das exigências do compromisso e os Portugueses viram diminuir as regalias socias, os direitos laborais, as despesas com a saúde e a educação, a investigação científica, os auxílios estatais em caso de desemprego ou de falta de rendimentos para sobreviver, o investimento público, a um terrível  aumento do desemprego, etc

E viram também empresas monopolistas ou de interesse estratégico nacional passarem

( ou estarem à beira de ) para capital estrangeiro, sem que que isso trouxesse qualquer benefício para o País – excepto os tostões que foram usados não para diminuir a dívida pública mas para diminuir o AUMENTO da dívida.

E viram ainda que o governo nada fez para criar riqueza, nem sequer um plano para tal, deixando tudo à boa vontade e ao instinto de sobrevivência das empresas privadas.

Tudo isto, claro, “ a bem da nação” como se dizia noutros tempos.

Dizem que esta atitude do governo ( e da troika ) corresponde a uma ideologia político-económica denominada neo-liberalismo. Esta baseia-se fundamentalmente , dizem, em deixar funcionar livremente “os mercados” e na não intervenção dos governos nos assuntos económico-financeiros, alem duma regulação quanto menor, melhor.

Entre nós, a prática associada a esta ideologia conduziu à diminuição de rendimentos da quase totalidade dos Portugueses, ao aumento da pobreza em geral e da infantil em particular, ao desemprego, a um novo surto de emigração, a um brutal aumento de impostos, a uma redução do investimento e , pasme-se ou talvez não, ao aumento do número de milionários .

 (O que não deixa de ser uma prova de que os sacrifícios impostos aos Portugueses não 

atingiram de facto todos os Portugueses )

 E a pesar de tudo as contas públicas não estão equilibradas e a dívida soberana tem aumentado.

É mais que tempo de acabar com a prática do passos-portas- cavaquismo ( infeliz vertente local do referido neo-liberalismo ). É tempo, a bem da dignidade, do bem-estar e do progresso dos Portugueses inverter esta situação, ou seja criar condições para que, face ao governo, os cidadãos, todos os cidadãos, sejam mais importantes que o dinheiro e que os capitais sejam colocados na sua devida posição de serventuários das pessoas ( e não o contrário ).  E é tempo também de eliminar o discurso político que tentou colocar trabalhadores do sector privado contra trabalhadores do sector público, empregados contra pensionistas, jovens contra idosos.

 É evidente que isto não se consegue num estalar de dedos: é necessário boa vontade, sentido do dever, amor aos Portugueses e a Portugal, muita honestidade e competência, muita vontade de trabalhar e argumentação forte para ter voz na UE e conseguir que as ideias neo-liberais dos países da Europa central também mudem.

Mas atingir estes objectivos, é necessário continuar a trabalhar para acabar com as práticas passos-portas-cavaquistas.

É necessário remover o presente governo, infligindo-lhe uma derrota eleitoral convincente nas próximas eleições

É NECESSÁRIO QUE AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES SEJAM UM NOVO MAIO DE 1834 !

 

8 JAN 2015

 

O CUSTO DOS MEDICAMENTOS






Foi motivo de grande emoção pública o caso do preço do fármaco para tratamento da hepatite C  e da obrigação que o Estado deve ter para salvar a vida dum cidadão, mesmo que isso custe muito dinheiro.

Não sei se o preço do medicamento em questão é exorbitante ou não ( que é muito dinheiro, é ). Só poderia ter uma opinião se soubesse quanto é que a empresa farmacêutica que o comercializa gastou com o seu desenvolvimento, quanto gasta com a sua produção e quantas doses espera vender até que termine a patente, ou até que surja outra droga diferente mas de efeito equivalente. Mas sei, pela lógica do sistema em que vivemos, que a dita empresa, sendo uma empresa privada, tem de obter lucros daquilo que fabrica e vende pois em caso contrário os prejuízos poderão obrigá-la a fechar as portas. Mas não nos devemos esquecer que uma coisa é ter benefícios do trabalho que se teve e outra é ter lucros absurdos com a venda dum produto essencial à manutenção de vidas humanas

Parece-me evidente que quanto mais difíceis de tratar, ou de prevenir através de vacinas, são as doenças, maior terá de ser o investimento em cérebros, organização do trabalho, experiências de avaliação e mais tempo será necessário até se chegar a um resultado que satisfaça.

Regra geral esta função de descobrir novos fármacos para novas ou velhas patologias está nas mãos da indústria farmacêutica privada, limitando-se os laboratórios públicos, também regra geral, a fazer investigação básica sobre os mecanismos de aparição, desenvolvimento e eliminação das causas da doença.

Sabendo-se que ainda existem doenças mortais para as quais não há tratamento nem vacina conhecidos e considerando que é ponto assente nas sociedades democráticas que os governos ( eleitos  pelo povo ) devem organizar-se de forma a proteger a vida dos cidadãos da melhor forma possível, porque motivo não têm os Estados empresas farmacêuticas públicas a trabalharem para obter resultados práticos no combate às doenças mortais ? Não se assustem : não estou a propor a nacionalização da industria farmacêutica, à qual aliás muito devemos, estou só a dizer que também é dever dos Estados  terem laboratórios capazes de produzirem fármacos inovadores para atacar

as enfermidades mortais para as quais ainda não há remédio e pô-los ao serviço da vida humana por preços comportáveis, dentro das normas dos serviços nacionais de saúde. E para mais rapidamente se atingirem os objectivos, porque não os Estados convencionarem entre si quem faz o quê e pôr em comum os resultados ?

No fundo, dum ponto de vista de conceito político, seria utilizar a investigação médico-farmacêutica como se utilizam as polícias, visto que ambas se destinam a proteger as pessoas de males que as espreitam. E creio que no nosso espectro político ainda não existem partidos que defendam a privatização da polícia de segurança pública…

Se existe uma interpol, porque não há-de existir um “interlab” ?

13 FEV 2015

sábado, 1 de novembro de 2014

SOBRE A TAP E A PT




 

No dia 28/10/2014, o Sr. Vice-PM , estando de visita oficial ao México, apareceu na TV a responder a perguntas de jornalistas. Disse entre outras coisas que no exterior não respondia a questões de política interna do país e que estava ali  “para defender a bandeira de Portugal “ ( muito bem ).

E que pessoas ou entidades mais agitam, no estrangeiro, a bandeira de Portugal, não episodicamente como o Sr. Vice-PM mas todos os dias, o que nem mesmo futebolista Cristiano Ronaldo, o melhor do mundo, consegue ?

A TAP, a companhia aérea nacional, e as principais estações de rádio e tv !

Na verdade, voando diariamente para 3 continentes, a TAP faz lembrar a todos os que vêm os seus aviões, que compram passagens, que se deslocam para outros destinos, que existe um país no estremo da Europa chamado Portugal que começou no século XV a ligar o mundo e que ainda continua.

Se a TAP for privatizada, se deixar de ser uma companhia de bandeira, como será possível garantir que os países e as pessoas que nos interessam continuam a ser servidos por uma companhia aérea com sede em Lisboa ? Como poderemos ajudar o turismo criando rotas que facilitem a vinda de visitantes ? Como passará a ser a actvidade dos aeroportos nacionais ? Continuará a ser uma empresa exportadora em relação a Portugal ou passará a ser uma empresa exportadora para outro país ?

Outro aspecto que deve ser considerado, no mundo inseguro em que vivemos, é o da evacuação rápida de portugueses vivendo numa parte do mundo em que se declare uma crise grave. Possuindo o estado português uma transportadora aérea, muito mais rapidamente será possível disponibilizar meios para uma emergência do que no caso contrário em que seria necessário negociar, alugar, etc. Nunca nos podemos esquecer da frase de Churchill : as nações não têm amigos, têm interesses .

 

Não vou falar sobre a situação económico-financeira da TAP , mas seria interessante sabermos se a actividade da TAP no seu conjunto se salda para Portugal numa entrada ou saída de dinheiro, independentemente dos lucros que tenha ou não.

Contudo, pelo que anteriormente ficou dito não posso deixar de considerar contrária ao interesse nacional a ideia de privatizar a TAP. E espero que nunca aconteça.

Nota : E o Sr. Vice-PM  também deveria ser da minha opinião, por uma questão de coerência acerca da defesa da bandeira nacional.

 

A Portugal Telecom ( PT ) é ( mas em risco de ser era ) uma empresa que pela sua tecnologia de ponta, pelas suas qualidade de inovação, pela sua actividade transnacional enche  ( enchia ? ) os cidadãos crentes nas capacidades dos portugueses de justa satisfação.

Infelizmente erros de gestão – o último dos quais calamitoso porque emprestar dinheiro a juros não fazia, nem tinha que fazer, parte da sua gama de actividades – fragilizaram muito a sua situação e colocaram-na nas mãos dum endividado sócio, chamado OI ( será isto nome duma companhia a sério ou interjeição coloquial ? ).

Deverá o governo actuar para salvar a PT dum eventual miserável destino ?

Em minha opinião deverá, para salvaguardar uma empresa que tem um corpo técnico capaz de continuar a inovar e permitir a continuação de bons negócios na área das novas tecnologias.

Infelizmente, sabendo-se das opções ideológicas do governo a favor de tudo o que seja o livre funcionamento dos mercados e do primado do privado sobre o público – apesar de ter no seu seio um engenheiro electrotécnico de formação e um gestor de empresas de sucesso que poderiam perceber o valor da actividade da PT – não creio que isso venha a acontecer.

E dentro das regras da União Europeia poderia o governo fazer alguma coisa. Acho que sim –para isso existem juristas de sobra no seu elenco.

Aliás o Prof Doutor João Duque do ISEG na sua coluna do Expresso de 25/10/2014 apresentou uma possível solução:

A PARPÚBLICA lançar uma OPA sobre o capital da PT.

 

QUERER É PODER.

 

F. Fonseca Santos

31 OUT 2014

 

P.S.: Já depois de ter escrito estas linhas li no Expresso de hoje ( 1/11/2014 ) um excelente artigo de Nicolau Santos intitulado “Ainda se pode evitar a destruição da PT “ onde o Sub-Director do semanário explica abundantemente as razões pelas quais o estado deve intervir na PT e indica um verdadeiro guião para esse efeito.

 

terça-feira, 28 de outubro de 2014

PRIVATIZAÇÕES E INVESTIMENTOS




Estou a ler “Le Capital au XXIº Siècle” ( edição do Seuil, 970 páginas) do professor de economia Thomas Piketty.

Este livro pertence ao grupo dos que leio não por prazer mas por” obrigação”, para aprender mais alguma coisa sobre uma matéria que preocupa toda a gente, ou quase, ou seja a economia mundial.

Ainda vou no princípio, mas já deparei com afirmações que apoiam críticas que constantemente caem ( no meu entender mais que justamente ) sobre o presente governo PSD-CDS acerca das suas políticas de ensino e de privatizações

Com uma devida vénia ao autor, permito-me traduzir parte do texto das páginas 120 e 121 “… Nenhum dos países asiáticos que tiveram uma trajectória de aproximação em relação aos países desenvolvidos, seja no passado recente  o Japão, a Coreia ou  Taiuã, seja actualmente  a China, beneficiou de investimentos estrangeiros em massa. No essencial, estes países financiaram-se a si próprios com o capital físico de que tinham necessidade, e sobretudo com  capital humano - elevação do nível geral de educação e de formação -, acerca dos quais todas as pesquisas contemporâneas demonstraram que era o essencial do  crescimento económico no longo prazo. …”

É evidente portanto que o desinvestimento que o presente governo tem feito na educação dos jovens e dos adultos – sob a capa da diminuição da população e da (ir)racionalização dos serviços - e na investigação e desenvolvimento só vai prolongar o nosso atraso económico por não sei quantos mais anos.

Quanto a investimentos com capitais nacionais, públicos ou privados, não tenho notícia da sua efectivação numa actividade nova que pudesse reduzir as importações ou aumentar as exportações. Pequenas e médias empresas vão procurando trilhar esse caminho mas, pelo que leio com bastantes dificuldades.

( Obviamente que para o presente governo investir capitais públicos na economia é uma heresia destinada à condenação eterna )

O que temos assistido, nomeadamente desde que a troika tomou conta dos destinos económicos do país, é exactamente o contrário do que deveria ser : através das privatizações ( GALP, EDP, REN, ANA, FIDELIDADE ) a totalidade ou parte do capital nacional tem sido substituído por capital estrangeiro, sem que que isso trouxesse ‘know-how’ ou aumentasse o emprego.

Claro que o capital estrangeiro ao adquirir a totalidade ou parte daquelas empresas fê-lo porque o negócio era bom e em breve o dinheiro investido seria compensado pela remessa de lucros para o país de origem. Por outras palavras o presente governo recebeu uns dinheiros mas no médio/longo prazo Portugal vai empobrecer com a saída dos ditos lucros.

Se as privatizações acima referidas tivessem sido feitas por venda de acções na bolsa e com condições específicas provavelmente teria havido compradores portugueses e o interesse nacional salvaguardado.

No mundo dito global em que vivemos e em que os capitais circulam livremente entre a maioria das nações, é claro que existirão investimentos estrangeiros em Portugal e investimentos portugueses no exterior.

Porem, o importante, para não empobrecermos a médio/longo prazo será que os rendimentos daqueles investimentos sejam equivalentes ou, melhor ainda, que sejam favoráveis ao nosso país.

Seria interessante conhecermos qual é o nosso balanço neste particular. Assim saberíamos dizer se estávamos no caminho das economias emergentes ou imergentes.

 

F. Fonseca Santos

27 OUT 2014