domingo, 11 de setembro de 2011

UM ARTIGO DE J. M. FERNANDES SOBRE IDEIAS DE MÁRIO SOARES

O jornalista Sr. José Manuel Fernandes escreveu um artigo no jornal PÚBLICO de 9/11/2011  a que deu o título " O mundo de Mário Soares acabou, e ele ainda não deu por isso "
Nesse artigo, alem do mais, refere-se duma forma muito deselegante, por duas vezes à idade de Mário Soares (MS) , mas isto é apenas um reparo pessoal pois não tenho procuração para o defender, nem ele precisa que o façam pois a sua lucidez está óptima.
Vou apenas comentar as ideias expressas por JMF
Em resumo o Sr. Jornalista afirma que já não é possivel viver com as conquistas do estado social porque não há dinheiro para isso. Estamos individades, dependemos dos mercados e quem tem dinheiro manda.
Em contrapartida a esta ideia, todos os  socialistas democratas, todos os verdadeiros sociais democratas e em geral todos os humanistas devem pensar - e orientar a sua acção - com o seguinte pensamento :
- Na Europa ocidental, o estado social é uma grande conquista da civilização, como o são a abolição da pena de morte ou a igualdade dos géneros, por ex. Já não é possivel viver sem estas e sem aquela conquista - e considermo-nos civilizados.
De facto num estado moderno, em que as pessoas são o elemento que conta e que a dignidade humana é um direito fundamental, não  é concebível deixar morrer um cidadão à fome ou deixá-lo viver no limite da sobrevivência arrastando uma vida de pária porque achamos que " a vida é assim ", não é concebivel deixar morrer alguem por falta de dinheiro para se tratar duma doença, havendo no país meios médicos que permitiriam salvá-la, não é concebível que uma criança ou um jovem não tenha acesso aos estudos que
lhe facultem os conhecimentos necessários para a sua realização pessoal, para ser útil à sociedade e levar uma vida digna, simplesmente porque os pais são pobres, e podem precisar do seu trabalho ou não têm dinheiro para pagar os estudos. E o mesmo se diz em relação aos adultos que queiram melhorar as suas competências.
Mas tambem não é admissível que quem pode contribuir com o seu trabalho para o bem de todos fique encostado às paredes a ver passar o tempo e a viver à custa da sociedade.


Esse mundo já passou e  não volta, diz JMF. Agora vivemos sob o poder dos mercados
Este pensamento é um pensamento pelo menos conformista, de quem não tem confiança no futuro, ou de quem não tem interesse no estado social .
Possivelmente é o que diria um português conformista em 1600 relativamente ao domínio espanhol, ou um francês conformista em 1941 relativamente à restauração da democracia.
Nós devemos dizer : assim como os portugueses em 1640 se livraram dos espanhois e os franceses em 1944 se livraram dos nazis, tambem os portugueses de hoje, mais ano, menos ano, se libertarão da tirania dos mercados desregulados ,gananciosos e usurários .É preciso ter ideias e espírito de luta.
Para evitar dúvidas devo declarar que sou adepto da economia de mercado, mas com a regulação que permita a sua utilidade para todos e evite uma deriva perniciosa que só favoreça alguns.
Diz o povo : A fé ( religiosa ou não, digo eu ) remove montanhas

F. Fonseca Santos

1 Comentários:

Às 13 de setembro de 2011 às 16:43 , Blogger F. Silva Alves disse...

É importante que os mais lúcidos, desmontem o suporte ideológico, dos que escrevem artigos ou dos que fazem acção política.

Este é um bom exemplo. JMF, embora lúcido e bem informado, tem "um pensamento conformista...de quem não têm interesse no estado social".

Porque o mercado, com vigilância e regulação política, pode "permitir a sua utilidade para todos...sem uma deriva perniciosa que só favorece alguns"

Abraço
Silva Alves

 

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