MENSAGEM ENVIADA AO GOVERNO
Recentemente, o Capitão de Abril Sr. Vasco Lourenço, numa manifestação de indignação contra o OE 2012, declarou que estavamos em presença dum PREC ( Processo Revolucionário em Curso ).
No meu entender as palavras não foram bem usadas.
De facto, segundo tem vindo a lume, 2/14 avos dos vencimentos anuais dos funcionários públicos e das pensões anuais de ( quase todos ) os pensionistas vão ser nacionalizados. Digo de quase todos os pensionistos porque, segundo li, os antigos políticos que recebem pensões 12 vezes por ano não seriam abrangidos. Como se o Ministro das Finanaças ( e o da Economia tambem ) não soubesse perfeitamente que o que para as empresas ,e tambem para o Estado, conta é o dispêndio anual em vencimentos ou pensões. Se esse vencimento anual é repartido por 52 vezes, 26 vezes, 14 vezes ou 12 vezes é apenas uma questão de forma Em Portugal está generalizado, por razões históricas, o pagamento anual dividido por 14 prestações. Mas se realmente o governo quiser que os pensionistas que apenas recebem 12 meses por ano sejam despojados do equivalente ao que são os outros, basta retirar 1/7 às pensões mensais daqueles
Em 1975 nacionalizaram-se a banca, as seguradoras e as grandes empresas nacionais. Agora inversamente nacionalizam-se rendimentos dos trabalhadores!
Trata-se portanto não de um PREC, mas dum PREC INVERSO ( Processo Reaccionário em Curso )
Tambem li nos jornais que " tem de ser assim porque na redução do deficit é necessário manter a relação acordada com a troika estrangeira de a referida redução derivar 2/3 da diminuição das despesa e 1/3 do aumento da receita". Então e onde está o famoso derreter das "gorduras do estado" ? O governo não consegue ? Sendo assim que conclusão podemos tirar do facto de o PSD e o CDS, quando na oposição apregoaram que isso é era necessário fazer e já ? Não será uma conclusão muito lisongeira, julgo
Penso que talvez fosse possivel alterar os termos do acordo acima citado, como foi possível no caso da TSU, de forma a tornar a distribuição da nacionalização de parte dos vencimentos dos trabalhadores e pensionistas mais equitativa. Como para tudo, seria necessário vontade.
Muito gente pensará que isto tem o aspecto duma guerra privada contra o funcionalismo público e os reformados
Em relação aos pensionistas oriundos do sector privado devo dizer o seguinte :
- não concordo que as pensões pagas consideradas "prestação social" : elas são o resultado dum investimento que os trabalhadores e as empresas suas empregadoras fizeram ao longo de décadas e que na altura da reforma começa a dar os seus frutos. Se o estado usou mal o dinheiro que recebeu e agora não tem dinheiro para pagar isso representaria um desmoronar da confiança das pessoas nas suas instituições públicas. Aliás, na sua altura, o ex-ministro Vieira da Silva enfrentou o problema e resolveu-o .
Claro que a posição dos pensionistas é fraca : não podem fazer greve! Poderão quanto muito fazer greve da fome ( o que talvez não seja difícil, forçadamente ).
Tambem a decisão de só nacionalizar parte dos vencimentos dos funcionários públicos e não atingir os trabalhadores do sector privado pode ter "une arrière pensée" : nesta solução o perigo de greve vem apenas dos funcionários e esta pode facilmente ser criticada: " pois é, são sempre os mesmos, trabalham pouco, ganham mais que os outros e ainda fazem greve!"
A decisão de dividir o esforço de corte com os trabalhadores privados poderia dar origem a greves mais alargadas, com maior impacto público e ... teria prejuizo para as empresas privadas .
É obvio que qualquer greve traz prejuizos para o País. Mas algumas atingem tambem os empregadores privados...
Mais um comentário a propósito da reacção da maioria e seus simpatizantes às observações do Presidente da República : as opiniões deste só interessam quando coincidem com as opiniões do PSD e do CDS. Caso contrário são prejudiciais!. Grandes amigos tem o PR. Lembram aquele conhecido dirigente político para quem o PR é o Sr. Silva numas ocasiões e o Sr. PR noutras.
Com isto não pensem que sou contra o cumprimento do acordo entre a nossa troika ( PS, PSD e CDS ) e a troika estrangeira . Só não concordo nada com alguns dos processoa usados. Como diria a populaça ( elegante termo usado pelo cronista Sr. Vasco Pulido Valente para designar o povo português ) "há muitas maneiras de matar pulgas.
Frederico J. B. Fonseca Santos
O.E. 2012 - O prec CONTINUA
O novo prec (processo reaccionário em curso ), ou PREC INVERSO como lhe chamei num texto de 16 de Julho passado a propósito duma das primeiras medidas do governo, continua activo na proposta de OE para 2012 .
De facto, segundo tem vindo a lume, 2/14 avos dos vencimentos anuais dos funcionários públicos e das pensões anuais de ( quase todos ) os pensionistas que recebam por mês mais de 1000 € sujeitos a descontos, vão ser nacionalizados. Digo de quase todos os pensionistos porque, segundo li, os antigos políticos que recebem pensões 12 vezes por ano não seriam abrangidos. Como se o Ministro das Finanaças ( e o da Economia tambem ) não soubesse perfeitamente que o que para as empresas ,e tambem para o Estado, conta é o dispêndio anual em vencimentos ou pensões. Se esse vencimento anual é repartido por 52 vezes ( pagamento semanal ), 26 vezes ( pagamento quinzenal ), 14 vezes ( pagamento com subsídios de férias e de natal ) ou 12 vezes ( pagamento mensal ) é apenas uma questão de forma Em Portugal está generalizado, por razões históricas, o pagamento anual dividido por 14 prestações. Mas se realmente o governo quiser que os pensionistas que apenas recebem 12 meses por ano sejam despojados do equivalente ao que são os outros, basta retirar 1/7 às pensões mensais daqueles
Em 1975 nacionalizaram-se a banca, as seguradoras e as grandes empresas nacionais. Agora inversamente nacionalizam-se rendimentos dos trabalhadorese reformados!
É , como acima foi dito, o PREC INVERSO ou prec.
Tambem li nos jornais que " tem de ser assim porque na redução do deficit é necessário manter a relação acordada com a troika estrangeira de a referida redução derivar 2/3 da diminuição das despesa e 1/3 do aumento da receita". Então e onde está o famoso derreter das "gorduras dos estado" ? O governo não consegue ? Assim teremos de concluir que foi uma inconsciencia ou uma desonestidade intelectual quando, na oposição, PSD e CDS apregoaram que isso é era necessário fazer e já.
( Comentário non-sense: o derreter das gorduras do estado poderia ter outro aproveitamento económico : se fossem de boa qualidade, serviam para o fabrico de sabonetes; se fossem de má qualidade serviam para o fabrico de sabão amarelo ).
Penso que talvez fosse possivel alterar os termos do acordo acima citado, como foi possível no caso da TSU, de forma a tornar a distribuição da nacionalização de parte dos vencimentos dos trabalhadores e pensionistas mais equitativa. Como para tudo, seria necessário vontade.
Assim tem o aspecto duma guerra privada contra o funcionalismo público e os reformados
Em relação aos pensionistas oriundos do sector privado devo dizer o seguinte :
- não concordo que as pensões pagas consideradas "prestação social" : elas são o resultado dum investimento que os trabalhadores e as empresas suas empregadoras fizeram ao longo de décadas e que na altura da reforma começa a dar os seus frutos. Se o estado usou mal o dinheiro que recebeu e agora não tem dinheiro para pagar isso representaria um desmoronar da confiança das pessoas nas suas instituições públicas. Aliás, na sua altura, o ex-ministro Vieira da Silva enfrentou o problema e resolveu-o . Não pagar ou reduzir os pagamentos seria uma situação semelhante á dum banco que na altura de começara pagar a pensão duma conta poupança-reforma dissesse ao cliente : tenha paciência investimos mal o seu dinheiro e não temos para lhe pagar. Mas um banco privado é uma empresa que pode ganhar ou perder e o estado é uma entidade que não pode ter esse tipo de comportamento.
Claro que a posição dos pensionistas é fraca : não podem fazer greve! Poderão quanto muito fazer greve da fome ( o que talvez não seja difícil, mesmo que não queiram ).
Tambem a decisão de só nacionalizar parte dos vencimentos dos funcionários públicos e não atingir os trabalhadores do sector privado pode ter "une arrière pensée" : nesta solução o perigo de greve vem apenas dos funcionários e esta pode facilmente ser criticada: " pois é, são sempre os mesmos, trabalham pouco, ganham mais que os outros e ainda fazem greve!"
A decisão de dividir o esforço de corte com os trabalhadores privados poderia dar origem a greves mais alargadas, com maior impacto público e ... teria prejuizo para as empresas privadas .
É obvio que qualquer greve traz prejuizos para o País, mas fazem parte do jogo democrático
Mais um comentário a propósito da reacção da maioria e seus simpatizantes às observações do Presidente da República : as opiniões deste só interessam quando coincidem com as opiniões do PSD e do CDS. Caso contrário são prejudiciais!. Grandes amigos tem o PR. Lembram aquele conhecido dirigente político para quem o PR é o Sr. Silva numas ocasiões e o Sr. PR noutras.
Com isto não pensem que sou contra o cumprimento do acordo entre a nossa troika nacional ( PS, PSD e CDS ) e a troika estrangeira . Só não concordo nada com alguns dos processoa usados. Como diria a populaça ( elegante termo usado pelo cronista Sr. Vasco Pulido Valente para designar o povo português ) "há muitas maneiras de matar pulgas.
Frederico Fonseca Santos
UM MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO COM POUCA EDUCAÇÃO ?
O caso noticiado pelos meios de comunicação social da decisão do Ministério da Educação de, dois dias antes da entrega dos prémios aos melhores alunos do 12 º ano, comunicar às Escolas que este ano não haveria distribuição prémios é ( ia dizer muito grave como se diz hoje a propósito de tudo e de nada, fazendo lembrar aquele personagem de "Os Maias" que falando sobre qualquer político começava por dizer "Il est très fort..." ) duma falta de senso comum notável. Ou deverei dizer " duma falta de educação assinalável deixar os jovens na expectativa de receberem um prémio pelo seu mérito até`quase à última da hora e depois mandar-lhes dizer que não há recompensa por uma mudança súbita de critério" ? É como ter marcado um encontro com uma pessoa que se vai conhecer e depois mandar alguem telefonar, com uma desculpa nada convincente, a dizer que não se vai comparecer ao encontro. Como se classifica este exemplo comezinho : modernice, desrespeito pela pessoa que espera, falta de chá , falta de educação ? Não sei se a culpa é pessoalmente do Sr. Ministro ou de outrem no ministério. Mas a responsabilidade final é do Sr. Ministro. Lembrem-se do caso exemplar da queda da ponte Hintze Ribeiro que provocou o pedido de demissão imediato do ministro Jorge Coelho, embora a culpa não fosse pessoalmente dele.
( Recordei-me de repente da minha avó materna que hoje teria 151 anos, que leu sem óculos "O Diário de Notícias até depois dos 90 anos e que certamente diria uma das suas frases predilectas : " pois é meu menino, hoje há muita ilustração e pouca educação" ).
Que juizo passarão a fazer da classe política, os jovens que ouvem dizer mal dos políticos a torto e a direito, mas que provavelmente ainda não tinham sentido na pele nenhuma injustiça ? Parece-me óbvio que passarão a concordar com todos os portugueses que com ou sem razão não acreditam nos políticos
E se o assunto tivesse acontecido com a criadora do prémio, a ex-ministra Maria de Lurdes Rodrigues ? Céus, os media fariam soar os tambores de guerra por todos os cantos do país num barulho ensurdecedor!
E os oposicionistas ao governo dessa época não perderiam, e com razão, uma tão boa oportunidade de criticar.
A instituição Escola, a todos os niveis e pela actuação dos seus agentes,deve ter sempre um comportamento
digno que inspire o respeito dos Alunos, a começar pelas instalações ( incluindo os sanitários que devem ser
um exemplo de higiene), continuando pelos auxiliares e pelos professores e terminando nos dirigentes. Estes com mais responsabilidades que todos os outros. Ainda me lembro do meu tempo de liceu em que os auxiliares eram contínuos fardados mas que, com uma ou outra excepção eram respeitados pelos alunos. Porque tinham um comportamento digno, alem do mais.
Por seu lado, uma parte da chamada "sociedade civil " castigou o procedimento do ministério com uma notável bofetada sem mão : pensou que os alunos não deviam ficar sem o seu prémio e substitui-se àquele
na entrega dos mesmos - pelo menos a uma parte dos alunos
Devo declarar neste momento que não conheço o cidadão Nuno Crato e que não tenho razão nenhuma para imaginar que seja pessoa capaz duma indelicadeza, duma falta de cortesia, dum acto menos civilizado. Penso mesmo que teria uma reacção igual à do ministro antecessor , o Doutor Mariano Gago, numa ocorrência no Terreiro do Paço, junto ao café Martinho da Arcada.
Passo a relatar porque, por coincidência, assisti pessoalmente à mesma . Uma senhora de idade que estava de passagem, escorregou no lajedo e caíu, muito perto de mim. Mas antes que eu tivesse tempo de esboçar um gesto de ajuda, surgiu uma pessoa que a ajudou a levantar-se do chão. Foi o ministro Mariano Gago. A senhora que felizmente não tinha sofrido nada, agradeceu e disse ( era de facto uma senhora de idade ) " se não se importa, gostaria de saber o seu nome e a sua morada a fim de lhe mandar um cartão a agradecer mais uma vez a sua atenção!" Mariano Gago escusou-se delicadamente, desejou-lhe as boas tardes e foi-se embora .
Aliás, tenho pensado, que não é só o Fernando Pessoa que encarna várias personalidades ( heterónimos ). Todos nós tambem temos vários heterónimos, se me é permitido usar o termo. Assim do cidadão Nuno Crato que não conheço, como acima escrevi, posso pensar, baseado no que leio nos jornais, que tem pelo menos dois heterónimos : o articulista Nuno Crato e o ministro Nuno Crato. E pelo que escrevem ou dizem podem ser tão diferentes como os heterónimos do nosso Poeta .
Se volto a este assunto, já depois de esquecido pelos meios de comunicação social , é porque tambem os alunos a premiar não se vão esquecer deste episódio da sua vida com facilidade e certamente levará muito tempo para que voltem a encarar o Estado Português como uma entidade de confiança. E isto é uma grande tristeza.
F. Fonseca Santos