quarta-feira, 29 de maio de 2013

EM DEFESA DOS PALHAÇOS


Como todas as crianças, eu quando era pequeno gostava muito de ir ao circo ( e ainda gosto de ver um bom número de circo ) e fui muitas vezes com os meus pais . Lembro-me de que o último número era, em geral, o dos palhaços – e era o meu preferido. Havia palhaços muito engraçados, que faziam rir toda a gente e deixavam os espectadores graúdos bem dispostos por algum tempo e os miúdos a sonhar que quando fossem grandes também gostariam de ser palhaços.

Porem ser palhaço, ter graça,  fazer rir os outros, é uma actividade, uma profissão bem difícil. Principalmente nos dias que correm, acrescento. Aliás, para o bem estar geral das pessoas, é uma profissão mais útil que a de certos políticos e de certos economistas, que nos dizem piadas ao contrário, isto é, que só nos dão notícias que nos entristecem e que instantaneamente nos deixam mal dispostos.

Por isso ser palhaço é para mim uma actividade socialmente válida e , nestes tempos de democracia política, tão respeitável como qualquer outra. Portanto não percebo a razão do Sr. Prof. Aníbal Cavaco Silva ( Presidente da República Portuguesa ) ter ficado ofendido com as palavras do Sr. Dr. Miguel Sousa Tavares. A reacção teria sido a mesma se o Sr. Dr. Miguel Sousa Tavares o tivesse apelidado, por exemplo, de médico, jurista ou escritor ? Não sei, mas tenho tendência para imaginar que não.

Nestas circunstâncias, quem se deve sentir ofendido são os palhaços por a sua actividade, socialmente importante como acima disse, ser considerada ofensiva quando aplicada a alguém que não é palhaço !

Provavelmente George Orwell diria   “ todas as profissões são iguais ( na sua dignidade) , mas há umas mais iguais que outras “.

Mas, na realidade o Sr. Dr. Miguel Sousa Tavares cometeu um erro de apreciação : é que na grande maioria dos casos, para não dizer na totalidade, as palavras do Sr. Prof. Cavaco Silva não deixam as pessoas bem dispostas – antes pelo contrário.

Uma declaração antes de acabar:
De acordo com a Constituição, o Presidente da República deve ser respeitado e não pode ser ofendido na dignidade do seu cargo. O que não impede que politicamente possa ( e deva ) ser criticado  por aqueles que não concordam com os seus actos políticos.

  Frederico Fonseca Santos

28 de Maio de 2013


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