EM DEFESA DOS PALHAÇOS
Como todas
as crianças, eu quando era pequeno gostava muito de ir ao circo ( e ainda gosto
de ver um bom número de circo ) e fui muitas vezes com os meus pais . Lembro-me
de que o último número era, em geral, o dos palhaços – e era o meu preferido.
Havia palhaços muito engraçados, que faziam rir toda a gente e deixavam os espectadores
graúdos bem dispostos por algum tempo e os miúdos a sonhar que quando fossem
grandes também gostariam de ser palhaços.
Porem ser
palhaço, ter graça, fazer rir os outros,
é uma actividade, uma profissão bem difícil. Principalmente nos dias que
correm, acrescento. Aliás, para o bem estar geral das pessoas, é uma profissão
mais útil que a de certos políticos e de certos economistas, que nos dizem
piadas ao contrário, isto é, que só nos dão notícias que nos entristecem e que
instantaneamente nos deixam mal dispostos.
Por isso ser
palhaço é para mim uma actividade socialmente válida e , nestes tempos de
democracia política, tão respeitável como qualquer outra. Portanto não percebo
a razão do Sr. Prof. Aníbal Cavaco Silva ( Presidente da República Portuguesa )
ter ficado ofendido com as palavras do Sr. Dr. Miguel Sousa Tavares. A reacção
teria sido a mesma se o Sr. Dr. Miguel Sousa Tavares o tivesse apelidado, por
exemplo, de médico, jurista ou escritor ? Não sei, mas tenho tendência para
imaginar que não.
Nestas circunstâncias, quem se deve
sentir ofendido são os palhaços por a sua actividade, socialmente importante
como acima disse, ser considerada ofensiva quando aplicada a alguém que não é
palhaço !
Provavelmente
George Orwell diria “ todas as
profissões são iguais ( na sua dignidade) , mas há umas mais iguais que outras
“.
Mas, na
realidade o Sr. Dr. Miguel Sousa Tavares cometeu um erro de apreciação : é que
na grande maioria dos casos, para não dizer na totalidade, as palavras do Sr.
Prof. Cavaco Silva não deixam as pessoas bem dispostas – antes pelo contrário.
Uma
declaração antes de acabar:
De acordo
com a Constituição, o Presidente da República deve ser respeitado e não pode
ser ofendido na dignidade do seu cargo. O que não impede que politicamente
possa ( e deva ) ser criticado por
aqueles que não concordam com os seus actos políticos.
Frederico Fonseca Santos
28 de Maio
de 2013

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