SÔBRE LEQUE SALARIAL E PRÉMIOS
Visivelmente o 1º Ministro continua uma guerra sem quartel contra os Funcionários Públicos, não sei se propriamente contra a sua existência ( se o estado mínimo fosse uma função matemática, para ele, o seu limite inferior seria zero ) se contra o que representam de despesa ( que, também o PM gostaria que tendesse para zero, penso eu)
( Declaração de interesses, como agora é habitual acrescentar nos textos que se escrevem : sou reformado da actividade privada e de 4 anos de serviço militar obrigatório. Mas não sou adepto do estado mínimo, pelo contrário sou adepto dum estado que atenda às necessidades dos cidadãos de forma a permitir que estes vivam duma forma digna e civilizada e que defenda os mais fracos dos mais fortes ).
Retomando o fio da meada, tenho ouvido o PM declarar que no sector publico os funcionários menos qualificados ganham mais que no sector privado enquanto que os funcionários mais qualificados ganham menos que no sector privado.
Dito de outra maneira, isto significa que o no sector público o leque salarial é mais apertado que o sector privado.
Esta situação deveria ser motivo de satisfação para o PM - porque representa menor afastamento entre os que têm mais e os que têm menos, contribui para diminuir a razão entre o rendimento dos 20% que têm mais e os 20% que têm menos, contribui para uma maior coesão social, aumenta o sentimento de pertencer a um grupo que luta pelo mesmo objectivo ( o bem dos outros, de todos os cidadãos incluindo o PM), etc.
Alguns estarão a pensar : então se isso é verdade, o salário deveria ser igual para todos! Ainda estamos muito longe de poder pensar assim. Os salários devem ser diferentes conforme o grau de responsabilidade de cada um no grupo – e também aceito que as remunerações variem conforme o grau de perfeição com que o trabalho é executado. O que se deve pretender é que leque salarial não seja tão largo que se torne injusto e desmotivador para o grupo.
Mas aparentemente o PM não simpatiza com a situação dos funcionários públicos, pois não só não mostra satisfação pelo leque salarial existente, como pretende iniciar a dispensa do que considera o excesso de trabalhadores pelos menos qualificados ! Será com intenção de admitir mais tarde outros para a mesma função ganhando o ordenado mínimo nacional ? Com o objectivo de aumentar o leque salarial ?
Note-se que também não estou de acordo que se dispensem a priori os funcionários mais qualificados ( juízes, médicos, professores, etc. ) .Isso diminuiria a qualidade dos serviços prestados pelo estado. Partilho da opinião de muita gente que pensa que primeiro se deve definir o que se pretende do estado e só depois dimensioná-lo à medida
Para recompensar a excelência do trabalho, o recurso a prémios no final do ano parece-me uma boa solução. Desde que a respectiva atribuição obedeça a regras bem definidas, como por exemplo a empresa atingir os objectivos fixados, o trabalhador atingir os seus objectivos pessoais, ser universal dentro da empresa ( deve abranger desde o administrador delegado ou gerente máximo – por falta de palavras em português agora é costume dizer CEO - ao trabalhador menos qualificado ).
Nota : É evidente que não estou a falar dos bónus fabulosos que alguns CEO recebem, por vezes mesmo que as empresas tenham tido prejuízo ! Isso para mim é escandaloso e imoral, torna as pessoas muito gananciosas e pode dar origem a procedimentos incorrectos ( já deu * ). Nem sei como os accionistas aturam ! No caso de ter havido perdas provavelmente os CEO conseguem convencer os outros de que “ se não fosse a sua acção pessoal teria sido muito pior” !
E não me digam que isto é “lirismo” pois eu trabalhei numa empresa onde este sistema de prémios era praticado e a empresa ganhava dinheiro, pagava os seus impostos e satisfazia os clientes. Cumpria assim a tripla responsabilidade social que as empresas não devem nunca perder de vista.
Não nos devemos esquecer que sem capital ( público ou privado ) e sem trabalhadores (públicos ou privados ) não se produz nada!. Portanto o melhor é que as duas partes se entendam.
F. Fonseca Santos
27 MAR 2013
* Ler p.ex. “O BANCO” de Marc Roche , edição A Esfera dos Livros

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