terça-feira, 4 de junho de 2013

O DEUS MERCADO E AS SUA FALHAS



Para muitos ideólogos políticos e muitos sapientes economistas, o mercado ou os mercados, como gostam mais de dizer, são como um deus que resolve todos os problemas da economia com o mínimo de intervenção humana. Como se fosse de facto um deus omni-sapiente frente ao qual os míseros mortais se deveriam curvar - e agradecer os malefícios e os benefícios referidos.
É evidente que a existência dos mercados é essencial, mas devem ser devidamente regulados e as a suas tendências, quando necessário para bem das pessoas, devem ser contrariadas,
Por outro lado também é vulgar muitos políticos neo-liberais e economistas afins, dizerem que o Estado não tem jeito nem habilidade para dirigir empresas  e que a gestão das mesmas deve ser entregue a privados, Que esses sim, esses é que são bons. Entre parêntesis, não me deixa de causar estranheza que muitos dos gestores de empresas privados tenham tido a escola da política e da função pública. Pode ser que ao mudar dum lado para outro sofram a milagrosa transformação de bestas em bestiais.
Vem toda esta retórica a propósito dum caso que está a ocorrer presentemente, sobre o qual tenho ouvido e lido na comunicação social :
O mercado farmacêutico está a recusar-se a produzir determinados medicamentos, ainda essenciais no tratamento de certas doenças por serem demasiado baratos e não darem lucro que valha a pena o esforço.
Em face deste problema, o que vai fazer o Ministro da Saúde ( e bem ) ? Vai encarregar o Laboratório Farmacêutico Militar de fabricar os fármacos  em falta !
Imaginem o problema que não teria sido se o presente ( melhor dito ), o ausente governo já tivesse decidido acabar com o referido Laboratório, para poupar despesas ou porque há laboratório privados para produzir os medicamentos necessários Ficávamos sem os fármacos ou acabaríamos por os comprar a preço do ouro ou mais.
Perante isto eu, que sou adepto da existência de mercados devidamente regulados e de que o Estado deve ter meios de produção ou de controlo para fazer face a situações de emergência, não posso deixar de sorrir com a partida que o destino  ( ou seja o mercado ) pregou ao governo :  obrigá-lo a recorrer a uma instituição do Estado para resolver um problema de abastecimento público !
F. Fonseca Santos

Lisboa, 4 de Junho de 2013

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