O DEUS MERCADO E AS SUA FALHAS
Para muitos
ideólogos políticos e muitos sapientes economistas, o mercado ou os mercados,
como gostam mais de dizer, são como um deus que resolve todos os problemas da
economia com o mínimo de intervenção humana. Como se fosse de facto um deus
omni-sapiente frente ao qual os míseros mortais se deveriam curvar - e
agradecer os malefícios e os benefícios referidos.
É evidente
que a existência dos mercados é essencial, mas devem ser devidamente regulados
e as a suas tendências, quando necessário para bem das pessoas, devem ser
contrariadas,
Por outro
lado também é vulgar muitos políticos neo-liberais e economistas afins, dizerem
que o Estado não tem jeito nem habilidade para dirigir empresas e que a gestão das mesmas deve ser entregue a
privados, Que esses sim, esses é que são bons. Entre parêntesis, não me deixa
de causar estranheza que muitos dos gestores de empresas privados tenham tido a
escola da política e da função pública. Pode ser que ao mudar dum lado para outro
sofram a milagrosa transformação de bestas em bestiais.
Vem toda
esta retórica a propósito dum caso que está a ocorrer presentemente, sobre o
qual tenho ouvido e lido na comunicação social :
O mercado
farmacêutico está a recusar-se a produzir determinados medicamentos, ainda
essenciais no tratamento de certas doenças por serem demasiado baratos e não
darem lucro que valha a pena o esforço.
Em face
deste problema, o que vai fazer o Ministro da Saúde ( e bem ) ? Vai encarregar
o Laboratório Farmacêutico Militar de fabricar os fármacos em falta !
Imaginem o
problema que não teria sido se o presente ( melhor dito ), o ausente governo já
tivesse decidido acabar com o referido Laboratório, para poupar despesas ou
porque há laboratório privados para produzir os medicamentos necessários Ficávamos
sem os fármacos ou acabaríamos por os comprar a preço do ouro ou mais.
Perante isto
eu, que sou adepto da existência de mercados devidamente regulados e de que o
Estado deve ter meios de produção ou de controlo para fazer face a situações de
emergência, não posso deixar de sorrir com a partida que o destino ( ou seja o mercado ) pregou ao governo : obrigá-lo a recorrer a uma instituição do
Estado para resolver um problema de abastecimento público !
F. Fonseca
Santos
Lisboa, 4 de
Junho de 2013

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