segunda-feira, 1 de julho de 2013

UM DIA E MEIO EM ROMA


Recentemente tive oportunidade de passar um dia e meio em Roma, cidade onde nunca tinha estado mas que conhecia através de inúmeros vídeos, fotografias, livros, onde ela é descrita.
Com tão pouco tempo, que visitar ?
Optei pelo Vaticano ( que legalmente não é Roma ), a Basílica de S. João de Latrão, a Igreja de Santa Maria Maior – e outros lugares que ficam no trajecto da linha A do metro romano.
Que dizer que já não tivesse sido dito por centenas ou milhares de viajantes, intelectuais,. especialistas em história, arte e religião ?  Apenas as minhas impressões pessoais de visitante, não peregrino, sem pretensões de demonstrar qualquer tipo de sabedoria.
Os Museus do Vaticano constituem uma impressionante acumulação de obras de arte : desde esculturas egípcias até aos pintores do século XX há de tudo. Um visitante logo que entra, sente-se envolvido numa enorme massa humana que constitui um rio que se vai deslocando, ao mesmo tempo que vê de passagem e fotografa as obras de arte. É difícil conservar uma atenção de apreciador do princípio ao fim. Para isso seriam necessários vários dias, visitando uma ou duas salas por dia. O visitante acaba por concentrar a sua atenção nas salas mais famosas, onde estão pinturas de Rafael e as obras de Miguel Angelo. Os frescos pintados quer nas paredes, quer nos tectos são uma constante. Aliás quase todos os tectos estão maravilhosamente pintados, mesmo sem contar com a Capela Sistina .
 O que nas diferentes salas dos Museus também existe em grande profusão são as lojas de vendas de recordações, de livros, catálogos, etc. Mas não são lojas especializadas em relação ao local onde se encontram : são todas generalistas.
No que respeita às obras escultóricas, os artistas Romanos ( da Roma Republicana e Imperial ) preferiam  representar  bustos e nus masculinos. Poucas figuras femininas se vêm. Possivelmente os Romanos  estavam convencidos que , tal como no reino animal em que os machos são em geral mais belos que as fêmeas,  o Homens é mais belo que a Mulher. Porem, se a maioria dos escultores desse tempo tivesse sido do sexo feminino, o resultado talvez fosse o inverso… Não sei. Mas é uma questão interessante ( e provavelmente tão inútil como esclarecer qual o sexo dos anjos ) saber, no género humano, qual dos dois é mais belo, o Homem ou a Mulher. Questão tão difícil de responder como a anterior. Seria talvez necessário que alguém doutro planeta, mas com um sentido estético semelhante ao nosso emitisse a sua opinião…
Na Capela Sistina não se podia fotografar, de modo que o infindável rio humana passava lentamente, de nariz no ar, mas realmente sem poder apreciar grande coisa – felizmente tenho no meu computador um belo vídeo sobre a Capela que posso rever sempre que queira, imaginando-me no local!
Depois da Capela Sistina, passei à Basílica de S. Pedro, sobre a qual os únicos comentários que vou fazer são que é duma grande beleza arquitectónica e que praticamente não existe 1 mm quadrado de chão, parede, tecto ou coluna que não tenha sido objecto de embelezamento. Turistas muitos, devotos aparentemente poucos, e se me lembro correctamente, estavam em curso missas numa ou duas das inúmeras capelas. Na saída apreciei os belos uniformes dos guardas suíços . Parei um pouco e  imaginei a praça em frente da Basílica, num dia especial, cheia de gente, demonstrando a sua fé
Saí do Vaticano e, estafado como estava, regressei a Terni, pequena cidade a 144 km de Roma, onde estava aboletado
No dia seguinte voltei a Roma para visitar  a Basílica de S. João de Latrão,  catedral de Roma e do Papa, na sua qualidade de Bispo de Roma. A mesma profusão de obras de arte , de turistas ( embora menos que no Vaticano),  mas com várias missas a decorrer nas diversas capelas da Igreja. Também tenho no computador um vídeo sobre S.João de Latrão que posso ver sossegadamente quando me apetecer. Visitei o claustro do convento que lhe estava anexo, mas não achei nada de especial-
A única coisa que achei original foi o hábito de atirar moedas e notas para cima do túmulo do Papa S. Martinho que se encontra num ponto central da Basílica, Claro que todos os dias à noite aquelas devem ser recolhidas por quem de direito
Saí, voltei ao metro e desci numa estação que indicava a proximidade do Museu da Libertação. Embora perto da estação do metro, foi um castigo para o encontrar. Perguntei a várias pessoas, incluindo polícias, mas não sabiam. Talvez a libertação do fascismo, como dado adquirido que é, esteja a ficar esquecido dos italianos. Finalmente um polícia mais sénior conseguiu indicar-me a rua . Fui lá mas, para desilusão minha, o museu ao sábado estava fechado! Na rua predominavam edifícios do final do século XIX ou princípio do século XX, com janelas de venezianas. Porem o edifício do museu era moderno – e bastante feio. Aproveito para dizer que os prédios dos poucos locais por onde andei, quase todos tinham janelas com venezianas, de que gosto particularmente
Segui para a próxima paragem do metro e desemboquei na praça Victor Manuel. Tem um jardim, pouco gracioso, onde dormiam sem-abrigo e onde famílias numerosas, romanas ou da província, picnicavam na relva sobre largos lençóis brancos .   Ao fundo, dum dos lados, via-se umas ruínas que me pareceram pouco interessantes, e não fui ver. Preferi sentar-me numa esplanada e tomar qualquer coisa.
A paragem seguinte já era a da Estação Central dos Caminhos de Ferro, Antes de seguir para o aeroporto, ainda tive tempo de ir ver mais uma igreja, a de Santa Maria Maior, com a sua arte sacra e belos vitrais.
Resumindo, esta minha passagem por Roma foi um banho de multidão e de arte sacra,  renascentista, e também pré-cristã e moderna, um exercício de paciência para estar nas filas ( embora para a entrada nos museus do Vaticano tivesse bilhete pré-comprado ) e algumas incursões em cafés  - onde aliás não consegui beber um café de jeito para o meu gosto .
Durante a visita ao Vaticano não pude deixar de lembrar-me de Jerusalem Velha , perguntei a mim próprio se seria possível comparar os dois lugares  e dei comigo a pensar nalgumas semelhanças
- São ambos lugares sagrados de culto, Jerusalém das três principais religiões monoteístas ( judaismo, cristianismo e maometanismo ) e o Vaticano da religião cristã/católica
- Ambos estão carregados de Historia, embora Jerusalem conte mais uns séculos
- Ambos têm um fluxo constante de visitantes, turistas e peregrinos
-   No Vaticano, a segurança é garantida por estrangeiros ( a Guarda Suiça ) e no Santo Sepulcro de Jerusalem a ordem entre os diferentes grupos de cristãos é mantida pela Polícia Israelita ( no tempo do Eça de Queiroz era garantida pelo Exército Otomano )
Mas a diferença é muito grande :
- O Vaticano é todo ele um museu monumental na sua arquitectura e no seu recheio, com obras de arte de todos os locais onde o império romano chegou, dos principais artistas da Renascença, e dos séculos que se seguiram até aos  artistas modernos. Tudo está limpo e impecavelmente conservado. Todo ele respira a grandeza e o poderio dos Papas e da Igreja, não sei bem se para glorificação de Deus se para ostentação da vaidade humana de quem foi mandando construir.
- Jerusalem está muito longe de ter a grandeza monumental de Roma, as suas ruas são estreitas e fazem recordar a sua antiguidade, os seus comércios são pequenas lojas onde os proprietários parecem lutar pela sobrevivência, a História que se faz lembrar é uma História mais antiga, mais primitiva, mas sempre presente, quase em cada canto. E penso que as diferenças religiosas entre os seus habitantes, que parecem adormecidas,  estarão prontas a rebentar com uma pequena faísca.
F. Fonseca Santos
25 de Junho de 2013

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