ELYSIUM

 

ELYSIUM é o título em inglês ( sem tradução para português ) dum filme actualmente em exibição. O filme é sem dúvida interessante e suscita comentários. 

Comecemos  por ver num dicionário inglês ( no caso The Concise Oxford Dictionary, 4ª ed. 1951)  o que significa “Elysium” :

Elysium é uma palavra originária da mitologia grega que pode significar local de residência dos abençoados depois da morte ou também o local ou estado da felicidade ideal.

O filme é sobre o apartheid e a luta dos oprimidos contra os seus opressores. Porem como a acção se desenrola em 2154, a fita  é catalogada no grupo da ficção científica. No entanto o seu autor ( realizador e argumentista ), NEILL BLOMKAMP, um sul africano de nascimento mas possivelmente  com a nacionalidade canadiana, deve ter  experiência pessoal do que foi o apartheid na República da África do Sul. De facto, segundo a Wikipédia, NB nasceu em Joanesburgo em 1979 e emigrou com a família para Vancouver quando tinha 18 anos, ou seja em 1997. Como o fim do apartheid começou em 1990 com a libertação de Nelson Mandela e terminou com a eleição deste para Presidente da República em 1994, NB ainda teve oportunidade de assistir a muita coisa e de conhecer a situação económico-social das comunidades negra e branca.

Voltando ao filme, em 2154 as condições de vida na Terra são tão más que só os POBRES nela vivem : a poluição, o desemprego, a decadência dos edifícios, a falta de cuidados de saúde, a falta de consideração pela vida humana, o controlo policial constante levado a cabo por rebots, etc. são uma constante.                                                                                                                                     Por isso os RICOS construíram uma espécie de satélite, chamado Elysium, onde as condições de vida são paradisíacas e onde até o serviço de de saúde, para os registados como habitantes, consegue curar todas as doenças !                                                                                                   Claro que a ambição de quase todos OS POBRES é arranjar dinheiro e uma identificação  que lhes permita ir para o Elysium , ou pelo menos ir lá tratar-se quando atingidos por uma doença. Mas também há pelo menos um grupo de inconformistas que quer reverter o sistema, alterando o programa geral do computador que dirige tudo para passar a permitir o acesso dos POBRES a todas as benesses dos RICOS.

Nâo vou contar o filme, mas direi apenas que o HEROI acaba por conseguir, à custa da própria vida, e depois de muitas lutas, que os POBRES tenham acesso ao universo dos RICOS. 

Trata-se, como disse acima, dum filme sobre o apartheid mas em que este é resultado não da cor da pele, mas de ter ou não ter dinheiro. E em que no fim as forças humanistas conseguem vencer as forças dos egoístas, ou por outras palavras , em que no fim os POBRES vencem os RICOS e possivelmente restabelecerão uma democracia universal onde todos tenham os mesmos direitos.                                                                                                                 
Para alguns o filme será um conto de fadas em que através dum HEROI os bons vencem os maus, para outros será um panfleto subversivo, para a maioria será um filme de aventuras/ ficção científica, mas para mim é um aviso à navegação ( no estilo do que terá sido o “1984” quando foi publicado ). É um facto que os apartheids que existiram ao longo da História foram sendo vencidos, e a minha convicção é de que os que hoje ainda persistem  também  hão-de ser desmantelados

No entanto, devemos interrogar-nos ( e agir em conformidade no que pudermos ) :                            

- Com o capitalismo sem regras para que caminhamos, estaremos a preparar as condições para a criação dum Elysium ?

- Ainda estaremos a tempo ( nós os que acreditamos na democracia e que temos obrigação de eleger governos que ponham as pessoas à frente do dinheiro ) de “re-dominar” o capitalismo selvagem e pô-lo ao serviço de todos e não apenas de alguns ?

Frederico Fonseca Santos

1 SET 2013